segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ações preferenciais – Origem e esclarecimentos

Uma questão que normalmente coloca o investidor em dúvida está na escolha de qual tipo de ação comprar, se serão as ordinárias ou as preferenciais. Quando decide buscar mais informação a respeito, o investidor se depara com apenas as diferenças básicas entre estes tipos de ações, ou seja, que as ordinárias possuem direito a voto e as preferencias possuem prioridade no recebimento de dividendos. Entretanto, estas fontes de informações não balizam qual delas é a melhor. Devido a isso, esta postagem dedica-se a aprofundar um pouco mais sobre a questão, tendo um foco maior no esclarecimento de alguns pontos importantes sobre as ações preferenciais.


A origem das ações preferenciais
As ações preferenciais sem voto foram originalmente consagradas, em 1855, nos países anglo-saxônicos, nos EUA e na Inglaterra. Na Europa, elas foram consagradas no século XX, sendo que na Alemanha foi em 1937, Itália em 1974, França em 1978, Portugal em 1986 e na Espanha em 1989.
A utilização das ações preferenciais está bem atual. Google, empresa que oferece diversos serviços “gratuitos”, considerada uma empresa moderna e uma das melhores organizações para se trabalhar, é constituída também de ações preferenciais. Outras empresas americanas que estão nesta linha são a Ford, New Corp, Facebook e Groupon.
Se países com o mercado de capitais mais desenvolvido, berço das maiores empresas do mundo, possuem empesas na bolsa com ações preferenciais, é natural que os países atrasados, que costumam copiar tudo que vem de fora basear suas próprias leis de acordo com as práticas dos países precursores também o façam.

Para que serve as ações preferenciais?
Como as ações preferenciais não garantem o direito de voto, impossibilitando que os preferencialistas participem das decisões da empresa, algumas pessoas chegam à conclusão de que estas foram criadas para prejudicar os preferencialistas. No entanto, esta forma de pensar não está correta.
As ações preferenciais foram criadas por necessidade (assim como boa parte das criações no livre mercado). Necessidade não só dos empresários, como também dos próprios acionistas.
É muito comum que o ciclo de crescimento de uma empresa seja da seguinte forma: primeiramente cria-se uma micro-empresa por uma pessoa que sente a necessidade de suprir uma determinada demanda de produto ou serviço de sua região. Conforme esta empresa cresça, esta pessoa não dê conta de administrar todas suas ramificações, delegando estas tarefas a pessoas próximas de confiança, normalmente familiares.
Devido a esse fato, é comum um grupo restrito de famílias e seus herdeiros estarem no controle de empresas fechadas tradicionais.  E em algum momento, estes grupos sentem necessidade de captar recursos para suas empresas, desde que não haja o risco de perder o controle da organização, que está a décadas no controle da família.
No outro lado estão os acionistas, que são aquelas pessoas que não se importavam em querer influenciar nas decisões da empresa. Estes conhecem os produtos da companhia e estão dispostos a injetar capital mesmo que não haja possibilidade de palpitar sobre a administração da empresa. Pela eles, seu propósito era unicamente o usufruto de sua distribuição regular dos lucros (leia-se receber proventos constantes) e retorno patrimonial de suas ações.
As ações preferenciais surgiram para preencher esta lacuna. Elas garantem que o controlador permaneça no controle da empresa e garante que os novos acionistas sejam beneficiados pelo retorno das ações preferenciais que possuem. Veja o exemplo da Alemã Henkel, que apresenta uma pequena matéria que pode ser acessada clicando AQUI.

O descrito nos parágrafos acima faz sentido principalmente quado se trata da realidade do pequeno investidor. Normalmente pequenos investidores são empregados ou micro empresários que destinam parte do fruto de seu labor para a compra periódica de ações, visando garantir um fluxo de caixa para gozar uma aposentadoria mais próspera.


Este tipo de investidor não está interessado em influenciar as decisões da empresa por alguns motivos, dentre eles alguns são citados abaixo:

(1) como este tipo de investidor está atraído principalmente pelo benefício dos dividendos que a empresa fornece sem precisar prestar qualquer tipo de trabalho por isso, não há interesse em exigir ações ordinárias a fim de querer influenciar os rumos da empresa;

(2) os investidores sardinhas, em sua maioria esmagadora, não têm formação necessária nem experiência para propor mudanças benéficas para empresas de grande porte, muitas delas tradicionais com décadas de existência;

(3) Como resultado dos itens (1) e (2), os investidores estão mais interessados no retorno patrimonial e nos proventos distribuídos, que são critérios mais objetivos, do que na forma como a empresa é administrada, encarado como um critério subjetivo.

(4) Por ser um pequeno investidor, caso esteja descontente com os rumos da empresa, é muito mais fácil realizar a venda das ações e investir em outro ativo do que tentar influenciar os rumos da empresa com um punhado de ações.

(5) antes de se tornar sócio de uma empresa, um investidor sardinha realiza uma análise mínima entre as centenas de empresas disponíveis na bolsa. Quando ele finalmente decide aportar seus recursos na compra das ações de uma empresa, ele espera que ela continue operando justamente do jeito que está. Ele não está interessado em mudanças. Se ele compra ações de uma empresa com um determinado perfil (em crescimento, de dividendos, etc), ele espera que esta empresa continue desta forma. Pode-se dizer que seria até um risco adicional para o pequeno investidor se o capital votante da empresa (ações ordinárias) estivesse, em sua grande parte, suscetível a compras pelo mercado, o que abre margem para aquisições hostis e/ou mudanças da atividade empresarial, dependendo de quem estiver no controle.

Diante dos cinco itens citados acima, as ações preferenciais representam uma solução cômoda tanto para os majoritários que querem preservar seu controle quanto para os minoritários que visam a um fluxo de caixa.


Alguns podem argumentar que a compra das ações ordinárias possuem um fator de proteção adicional devido a serem as ações que representam o lado dos acionistas majoritários e controladores. Baseado nisso, estes também afirmam que as ações preferenciais foram criadas para prejudicar os minoritários (o que já foi mostrado até aqui diz que não é bem por aí). Entretanto, este pensamento não está correto por alguns motivos:

1- Ao olharmos a composição acionária de algumas empresas cujo capital social é dividido entre ações ordinárias e preferenciais (Petrobrás, Alpargatas, Usiminas, Vale, etc), é possível notar que os controladores possuem não só grandes quantidades de ações ordinárias, como também de ações preferenciais. Além disso, ao buscarmos os informes relevantes da empresa, podemos até encontrar controladores ampliando sua posição em ações preferenciais, como este AQUI. Isto mostra que a predileção dos controladores pelas ações ordinárias, deixando as ações preferenciais para os reles acionistas minoritários, não é inteiramente verdade. Além disso, se as ações preferenciais fossem mal negócio, os majoritários não as comprariam, muito menos grandes fundos de investimento.

2- Quando falamos na possibilidade do majoritário/controlador prejudicar os minoritários, é de certa inocência acreditar na divisão dos minoritários em dois grupos distintos: aqueles que possuem ações preferenciais e serão prejudicados e aqueles que possuem ações ordinárias (e que supostamente estão do lado dos controladores) e serão poupados. O fato de um investidor possuir um punhado de ações ordinárias não o protege de eventuais manobras que estão à disposição do majoritário (possuidor de fatia significativa da empresa), que está no dia a dia da empresa e possui contato direto com a alta administração. Se o controlador quiser prejudicar os minoritários, ele o fará, independente do minoritário possuir ações ordinárias ou preferenciais. Veja, por exemplo, um curioso caso que aconteceu na Forjas Taurus, clicando AQUI.

Há também aqueles que se recordam de momentos em que os possuidores de ações preferenciais foram prejudicados em relação aos possuidores de ordinárias, como, por exemplo, em casos da Aracruz e Usiminas. Nestes episódios, houve forte desvalorização das ações preferenciais em relações às ações ordinárias. Mas é preciso levar em consideração alguns pontos importantes:

(1) A verdadeira questão não está ligada à escolha entre ações ordinárias e preferenciais, mas sim ao Tag Along (para quem não sabe o que é Tag Along, dê uma procurada no Google para saber mais a respeito). As empresas citadas acima não forneciam Tag Along para as ações preferenciais, o que causou a discrepância entre o preço das ações. Entretanto, é importante ressaltar que é possível encontrar diversas empresas que estendem (em 100%) o Tag Along para os preferencialistas. Além disso, há algumas empresas que estendem apenas 80% de Tag Along para as ações ordinárias, mostrando que apenas o fato de comprar ações ordinárias não é fator de segurança.

(2) Assim como há casos de valorização de ações ordinárias sobre as preferenciais, o contrário também pode acontecer, principalmente nos momentos em que a preferência de dividendos fica em evidência diante de resultados que não garantem paridade de distribuição de proventos para ambos os tipos de ações. Um exemplo disso aconteceu, não há muito tempo, com a Petrobrás.

(3) Normalmente estas divergências de preços acontecem justamente nos momentos em que as empresas estão mal das pernas. A Aracruz, que é uma empresa recorrentemente lembrada quando o assunto é levantado, tinha apresentado um prejuízo contábil da ordem de 4,2 Bilhões em 2008, além de possuir, na época, em seu patrimônio líquido, prejuízos acumulados de 1,9 Bilhões. Com isso, em 2009 foram organizadas as tratativas de “reorganização societária”, o que ocasionou a discrepância no valor entre as ações ordinárias e preferenciais. A Usiminas, outra empresa que sofre um vai-e-vem com suas ações ordinárias em relação às preferenciais, vem apresentando prejuízos recorrentes. Que alento têm os investidores de ações ordinárias nestes caso? Ao mesmo tempo, empresas como Alpargatas, Marcopolo, Ambev (antes de sua reestrutuação que transformou todas as preferenciais em ordinárias), Grazziotin, Cemig, Transmissão Paulista, AES Tietê, ItauUnibanco e Telefônica, empresas com capital social representado por ações ordinárias e preferenciais, entregaram retornos satisfatórios aos acionistas de ambas as classes. Em suma, quando o barco está afundando, não interessa se você possui ações ordinárias de uma empresa. É muito mais importante verificar os velhos índices de endividamento, margens, Payout, crescimento de lucros, dentre outros, na preocupação de selecionar empresas saudáveis.

Afinal de contas, qual é a melhor escolha de ação: ON ou PN?
No final das contas, paa responder a esta pergunta temos que recorrer ao caso clássico quando se afirma apenas as características básicas dos tipos de ações (ON tem direito a voto e PN tem preferência nos dividendos), pois não há uma resposta definitiva para esta dúvida. Cada caso é um caso. Particularmente o que me faz decidir entre estes tipos de ação está relacionado a três aspectos: Tag along, liquidez e múltiplos. Veja abaixo como particularmente decido qual tipo escolher:

1- Sobre o Tag Along, apenas comprar o tipo que possuir 100% de Tag Along, a não ser que a empresa seja muito grande (Bradesco e Vale, por exemplo). Se ambos proporcionarem 100%, decidir baseado nas outras regras.

2- Sobre liquidez, evitar a todo custo as ordinárias que possuem liquidez quase nula (por exemplo, CGRA3 e PRBC3.

3- Sobre mútiplos, investir naquela que com um mesmo valor aplicado, consigo comprar uma maior quantidade de ações, recebendo, assim, mais dividendos, a não ser que entre em conflito com as duas outras regras.

Com base nessa regras, escolheria, por exemplo, POMO3 e CPLE3 que possui Tag Along de 100%, ao invés de 80% da preferenciais; Escolheria CGRA4 e PRBC4 por critério de liquidez e escolheria BBDC4 por critério de múltiplos mais em conta.

Lembrando que estes são meus critérios pessoais, mas no final das contas, não há uma resposta definitiva sobre qual tipo de ação é melhor. Cada caso é um caso a ser analisado e cabe ao próprio investidor adotar seus critérios.

E você, o que achou da postagem? Deixe seu comentário.

Nenhuma das ações comentadas na postagem são recomendações de compra/venda/manutenção, sendo meramente exemplos.

Além das linkagens no texto, também foram utilizadas as seguintes referências:
1 – ABREU, Isabella. Mercado de Ações – Preferenciais em alta. Disponível em http://www.revistari.com.br/187/893. Acesso em 2 Mai 2015.
2 – MONTEIRO, Jorgina. O Regime jurídico e fiscal das ações preferenciais sem voto. Universidade do Porto. Portugal. 2013

59 comentários:

  1. Mas o Bastter diz que sócio é ON.

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    1. Para de comentar sobre ações em blog e vá estudar.

      Bastter.

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    2. Esse é mais um ponto em que o Bastter conseguiu radicalizar de tal forma uma ideia correta, a ponto de torná-la errada.
      Via de regra, ON seria preferível à PN. Nesse ponto a frase do Bastter faz sentido e se presta a disseminar um conhecimento válido.
      Isso não significa dizer que PN jamais deva ser comprada ou que ON seja sempre melhor para o minoritário, como ele frequentemente sugere ao utilizar este bordão ao responder perguntas pertinentes feitas em seu site.
      Em uma empresa de capital concentrado em que o controlador tenha igualmente ONs e PNs, se a PN tiver maior liquidez, tiver 100% de tag along e pagar um dividendo maior, qual a vantagem de ter o direito de voto da ON?

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    3. Bastter não é a Somidade do Conhecimento. Ele erra as vezes.

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    4. O foco do Bastter são os investidores amadores com alta concentração de sardinhice no sangue. Para o iniciante, formando sua carteira, é uma boa dica. À medida que seu conhecimento vai aumentando, lhe permite interpretar esses dogmas e flexibiliza-lo, fazendo as valiosíssimas análises desse post.

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  2. O grande problema das preferenciais é nos processos de OPA,exemplo quem tinha ações preferenciais da Aracruz recebeu um preço lá abaixo do mecado, no caso da Bematech, que possivelmente será comprada pela Totvs, o acionista ordinário vai receber um preço maior do que o atual negociado.

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    1. Olá Beto,
      Se você leu a postagem, comentei sobre este caso da Aracruz. É errado afirmar que o preço oferecido para as ações preferenciais foi devido a estas serem preferenciais. O certo (e que infelizmente não é comentado) é afirmar que foi devido a falta de Tag Along. Encontramos no mercado ações preferenciais com 100% de Tag along e ordinárias com 80% de Tag Along, então o preço la em baixo não é porque é preferencial, mas sim falta de Tag along. Acho que você não leu o texto que postei.
      No caso da Bematech, o acionista ordinário vai receber o mesmo do majoritário por ter 100% de Tag Along. Se a Bematech tivesse ações preferenciais com 100% de Tag Along, estes também receberiam o valor em sua plenitude. Veja bem, o valor está ligado ao Tag Along.
      Abraços

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  3. Bom texto.
    Faltou apenas explicar para os que eventualmente não saibam que, além das diferenças previstas na própria legislação, o investidor vai encontrar as principais características de cada espécie no estatuto social da empresa.

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    1. Obrigado, anônimo, por complementar. Mas preferi focar mais a postagem em tentar desfazer algumas afirmações erradas que fazem a respeito das ações preferenciais.
      Abraços

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  4. O grande problema de ter PN é que se houver troca de controle recebe merreca.
    Socio é ON e tem direito a dividendos tbm.

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    1. Não. Leia o texto em sua plenitude e pesquise sobre Tag Along. O que te passaram que o "valor da merreca" estar ligado a ser PN está errado.
      Abraços

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  5. ADP,

    Respeito muito você e a sua postagem, porém, vou ter que fechar novamente com o Bastter que sócio é ON! A maior prova disso é que um dos requisitos para uma empresa ingressar no Novo Mercado é que seu capital seja formado apenas por ações ON.

    E, além disso, a maioria (senão todas) as empresas que tem ações ON e PN são donas da maioria das primeiras enquanto as segundas estão no free float. Dois exemplos disso são o Itaú e a Telefônica Brasil.

    Basta olhar a composição acionária das empresas.

    Abraços e obrigado pelo debate!

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    1. Olá IL,
      Para ingressar no Novo Mercado é necessário ter só ON. Mas o que isso tem a ver? Isso é apenas uma classificação de governança. As empresas de Eike Batista eram do novo mercado e deu no que deu, enquanto Ambev, Alpargatas, Telefônca não são. Google possui ações preferenciais. Henkel também possui. Ser do Novo Mercado não é garantia de nada.
      É claro que algumas empresas o PN está no free float. Se você leu o texto, vai sabe o motivo. O controlador quer abrir o capital sem abrir mão do controle da empresa. Mesmo assim, em muitas empresas o controlador possui ações preferenciais, como citei no texto. Mas o que isso tem a ver? Ser sócio é possuir ações, que são a menor parte representativa do capital social de uma empresa. Se você possui ações, é sócio.
      Abraços e sucesso.

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    2. ADP,

      Se você não quer acreditar no Bastter nem em mim, acredite no homem mais rico do Brasil.

      http://i.imgur.com/spUAvSD.jpg

      Sócio é ON!

      Abraços.

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    3. Ok, IL. Vou dar uma lida e refletir sobre o assunto.
      Obrigado pela contribuição.
      Abraços e sucesso.

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  6. Vou começar a investir em ações agora e sempre me bate essa dúvida... obrigada por esclarecer

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  7. Ótimo post, AdP. Incrível como as pessoas nem se prestam a ler o post e fazem críticas cegas. Será que estas mesmas pessoas vão assumir o erro quando fizerem besteira sem saber ao certo o que estão fazendo, ou vão culpar fulano ou beltrano da moda?

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  8. Muito legal seu post , so complementando a liquidez tb facilita nas operações com opções.
    Concordo plenamente que quando a empresa não esta nem ai pro acionista tanto faz ON ou PN a pemba vem gde de qulquer maneira.

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    1. Obrigado pelo complemento, anon.
      Como citei no texto, sempre lembram do caso Aracruz quando citamos ordinárias x preferenciais. Primeiro que o problema não estava relacionado ao tipo de ação, mas sim a questão do Tag Along. Segundo que, de uma forma ou de outra, ninguém saiu vencedor na operação. Quando a empresa está mal das pernas, ON e PN sofrem. Mas, infelizmente, alguns contam a história como se os possuidores de ON fossem vitoriosos.
      Abraços

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  9. Sempre bom olhar para esses assuntos com calma e estudo. Concordo com todos os seus pontos, mas também concordo que um "mundo melhor" seria uma bolsa onde todas as empresas são do Novo Mercado, onde todos os sócios tem os mesmos papéis e direitos.

    Um fato interessante é o da Bematech agora, quem tem ação ordinárias até agora não conseguiu entender o rolo que eles estão arrumando, como vai acontecer, como fica o IR e etc. O RI da Bematech fala que não comenta e o da Totvs pede tempo. Quem é minoritário, mesmo com ações ordinárias ficou meio perdido.

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    1. Olá arthuhoo. Obrigado pelo comentário.
      Tenho outra visão de "mundo melhor". Neste mundo cada pessoa (física ou jurídica) é livre para fechar o acordo que achar vantajoso no mercado ou livre para não participar de um acordo que acredita não ser vantajoso.Se em uma ponta há uma empresa querendo captar recursos com ações preferenciais e na outra ponta há pessoas ou fundos querendo participar dos lucros da empresa sem querer alterar a administração desta, por que a exigência de ações ordinárias? Se houvesse uma suposta exigência de emissão de ações ordinárias, nosso mercado, já pequeno, seria menor, pois, como expliquei na postagem, há empresas familiares que estão dispostas a captar grandes recursos mas sem ter interferências no controle.
      Não falo especificamente de você, mas percebo que, em algumas pessoas, há uma visão muito deturpada sobre as ações preferenciais e ordinárias. Vejo defensores fervorosos de ações ordinárias, mas os mesmos só criam postagens sobre dividendos, desdobramentos, lucros e bonificações de empresa, o que interessa para o pequeno investidor e são de interesse dos preferencialistas. Na blogosfera mesmo, nunca vi em todos estes anos ninguém falar sobre exercer seu direito de voto ou ir a assembleia ordinária. E isso é compreensível, pois coloquei na postagem os motivos disso. E como disse na postagem, é inocência acreditar que você estará protegido do controlador da empresa só porque você possui ações ordinárias. Então, se a verdadeira questão do sardinha é o retorno patrimonial e este não liga para questões políticas da empresa, então qual o motivo da tara por ações ordinárias? Elas são importantes sim, mas se uma ação preferencial, em determinados casos, possui vantagens em relação as ações ordinárias de uma empresa, compro sem medo nenhum.
      Abraços

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    2. Perfeitamente, talvez tenha me expressado mal. Cada empresário deveria sim ser capaz de abrir o capital de sua empresa sem se preocupar em perder o "controle" da companhia e quem estiver interessado em comprar papéis que não dão direito o controle também deveriam ter esse direito.

      Mas convido a olhar sob uma outra ótica: quem são essas pessoas na outra ponta? Hoje temos mais estrangeiros como investidores individuais que brasileiros. Eu e você que estudamos e compartilhamos conhecimento livremente querendo ou não temos o interesse em trazer o cidadão que tem medo da bolsa pra dentro dessa modalidade. A realidade é que a barreira é muito grande, falta acessibilidade e barreiras claras - não é por questão de tipo de ação e sim pela dificuldade de entender esse "monstro"!

      E eu concordo contigo, a comunidade do Bastter é muito radical nesse ponto, e acabam criando outra manada que só sabe repetir os mantras, incluindo esse de que sócio é ON. E eu não tiro a razão do Bastter também, vivemos em um país de preguiçosos, as pessoas querem tudo mastigado, no automático, não querem estudar ou correr atrás, então melhor educar pelo excesso mesmo e evitar o chororô depois.

      É por isso que eu acho que o Novo Mercado é uma coisa boa pro minoritário. Traz transparência e menos burocracia para jogada, diminui as barreiras e esse tipo de iniciativa que vai trazer mais acionistas para o empresário que quer abrir o capital.

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  10. Excelente post, ADP, pois esclarece muitas dúvidas importantes para quem está começando a investir em ações. Acredito que, a rigor, o que deve realmente ser levado em conta são os múltiplos fundamentalistas das empresas (P/VP, P/L, margens, liquidez e dívida etc.), mas há que se ter cuidado com as intenções de quem as administra, conforme foi muito bem colocado por você durante o texto, citando os casos recentes de USIM e FJTA, que representaram prejuízos significativos a alguns investidores.

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  11. Tanto Aracruz quanto Usiminas não tinham tag along nas PN. Quero ver citarem uma empresa que tenha prejudicado quem tinha PN em detrimento de ON com tag along nas duas. Mas como é fácil pegar incauto, não? 15*1963 =~ 30 mil por mês, mais venda de livrinhos. Ah... a manada que pensa que não é manada.

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    1. Olá anon,
      Nem vou entrar no mérito financeiro do Bastter, pois ele não obriga ninguém a comprar as coisas dele. Bem ou mal, na minha opinião, os ensinamentos dele, mesmo não concordando com alguns, são melhores que muita tralha que se acha pela internet, principalmente quando o assunto é corrigir o investidor iniciante de forma a não entrar no lado da jogatina e na aventura de micos da bolsa. O problema que vejo é que, pelo menos na minha percepção, as pessoas de lá acabam se fechando apenas àquela fonte de informação, pois tudo que está fora dela é taxado de manada.
      O único apelo que faço aos investidores é nunca se fecharem a uma única fonte de informação, seja esta qual for.
      Abraços

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    2. O cara (Anônimo) acha que manter um site do porte que o Bastter mantém, com a toda aquela informação e quantidade de acessos (segundo eles informam, mais de 100.000 cadastrados), com novos recursos constantemente sendo implementados, com moderadores participando, etc. é de graça. Por que então você também não monta o seu e fica rico?
      Ninguém é obrigado a gostar ou concordar com nada que existe na Internet, mas chega a ser ridícula essa sua crítica ao site.

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  12. Parabéns pela postagem, ADP.
    Sempre que via essas discussões, por falta de informação, não sabia como me posicionar. Agora acredito que já sei qual informação buscar na hora de decidir entre ON e PN: Tag Along. Além, é claro, daqueles aspectos que você colocou.
    Muito obrigado pela postagem.
    Fábio

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    1. Olá Fábio,
      Tag Along tem sua importância, mas também não apresenta garantias. Como até coloquei no exemplo da Forjas Taurus, se o majoritário enxergar que o Tag Along é uma pedra no sapato, ele pode tentar burlá-lo.
      Abraços

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  13. Muito obrigado, AdP!
    Post muito útil!

    Estava um pouco preocupado com o fato de eu ter uma exposição considerável em ITSA4. Costumo comprar sempre ações ordinárias, mas na época que comecei a investir na empresa optei pelas preferenciais. As duas possuem tag along de 80%. Com o seu post, fiquei mais tranquilo com relação a isso.

    Abraço!

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  14. Oi ADP. Sobre esse trecho
    "3- Sobre mútiplos, investir naquela que com um mesmo valor aplicado, consigo comprar uma maior quantidade de ações, recebendo, assim, mais dividendos, a não ser que entre em conflito com as duas outras regras."
    eu acho isso maluquice cara. Não tem nada a ver a quantidade de ações que você tem. O que importa é o tamanho do seu patrimônio. Além disso, a quantidade de ações que vc tem não tem a ver com o quanto dividendo receberá, cada empresa é diferente.
    Minha opinião.

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    1. Entendo seu questionamento, mas entenda que estamos falando sobre escolher entre preferencial e ordinária. Vou exemplificar o que quis dizer:
      Na época que investi em CMIG, a ação ordinária era negociada com um valor abaixo da preferencial. Vamos supor os seguintes valores:
      CMIG3 - 18 reais
      CMIG4 - 20 reais

      Com 1000 reais, poderia comprar 55 CMIG3 ou 50 CMIG4. Veja que, em qualquer situação, o patrimônio no qual você se referiu é o mesmo, ou seja, 1000 reais. Como a empresa tem a tradição de pagar os mesmos dividendos para ambas os tipos, caso ela distribuísse, por exemplo, 2 reais por ação em dividendos, eu receberia 110 reais em CMIG3 e 100 reais em CMIG4. Ou seja, mesmo tendo aplicado a mesma coisa, receberia mais dividendos em CMIG3. Logo, sim, a quantidade de ações em sua posse pode ter sim a ver com a quantidade de dividendo a ser recebida. Isso já aconteceu também com POMO3/4 e algumas outras empresas que costumam distribuir o mesmo valor de dividendos tanto para ON e PN. Ou seja, como falei, cada caso é um caso.
      Abraços

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  15. Uma pergunta e uma solicitação: Qual foi a última assembleia que o Sr. Bastter foi? Conte-me mais sobre como ele exerceu o direito de voto dele tendo ações ON, isto é, sendo "sócio de verdade".
    No more.
    Abraço.

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  16. Também não sou fã do Bastter, mas temos vários indicadores de que você deve preferir as ON às PN. O Warren Buffet recomenda. Para estar no Novo Mercado precisa ter apenas ações ON. Isso está relacionado à boa governança justamente porque evita que o controlador tenha atitudes que prejudiquem os minoritários. Nenhum minoritário está interessado em influenciar as decisões da empresa. Existem majoritários que também não estão interessados, por isso contratam uma administração profissional. São coisas diferentes.

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    1. Olá anon,
      Boa governança vai muito além do rótulo "Novo Mercado". Não interessa se o Novo Mercado exige só ON. Isso não é garantia de nada.
      Mas se você tem como preferência o investimento apenas em empresas do Novo Mercado, isto vai do seu perfil e ninguém pode recriminar. O problema é que andam espalhando alguns absurdos sobre as ações preferenciais, dizendo que só existem no Brasil, que foram criadas para "sacanear" os minoriários, dentre outras afirmações erradas. Fiz uma postagem mostrando que isso não tem nada a ver, mas vai de cada um investir no que achar melhor.
      Se você for no site do Bastter e dizer que Warren Buffett recomenda algo, levará uma resposta ríspida dele, te acusando que você faz parte da manada.
      Abraços

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    2. Você está meio obcecado com o Bastter. Esqueça ele, não dou a minima para o que ele diz. Veja o que diz o site da BMF&BOVESPA:

      "O Novo Mercado conduz as empresas ao mais elevado padrão de Governança Corporativa. As companhias listadas no Novo Mercado só podem emitir ações com direito de voto, as chamadas ações ordinárias (ON)."
      http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/servicos/solucoes-para-empresas/segmentos-de-listagem/novo-mercado.aspx?idioma=pt-br

      Para pertencer ao Novo Mercado a empresa tem que atender vários requisitos, veja no link, ter apenas ações ON é apenas um deles. Não é suficente mas é necessário. Se empresa tiver alguma ação PN ela não pode ser do NM.

      Falcatrua é óbvio que existe em qualquer lugar. A questão é que é mais difícil o controlador "sacanear" os minoritários se a empresa só tiver ON do que se tiver os dois tipos. Você pode não acreditar, mas a Bovespa acredita nisso.

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  17. Tag Along não é a única coisa que você deve se preocupar. Imagine uma empresa que distribua igualmente os dividendos entre ON e PN. Vamos supor que o controlador decida emitir novas ações e dobre o número de PN. Você, que tinha só PN, vai passar a receber metade dos dividendos, enquanto que o controlador, que tinha todas as ON, continua a receber a mesma coisa, sem ter investido mais nada.

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    1. Se você realmente leu o texto integralmente, sabe que em nenhum momento disse que só se preocupa com Tag Along. Citei até o exemplo da Forjas Taurus de que, se o controlador quiser prejudicar o minoritário, ele consegue até passar por cima de Tag Along.

      "Vamos supor que o controlador decida emitir novas ações e dobre o número de PN. Você, que tinha só PN, vai passar a receber metade dos dividendos, enquanto que o controlador, que tinha todas as ON, continua a receber a mesma coisa, sem ter investido mais nada."

      Sendo muito sincero e respeitoso, eu não se onde vocês tiram essas informações. Isso que você disse não tem nada a ver. Você pode me passar uma legislação que sustente sua informação? Mesmo supondo que a ação preferencial receba o mesmo que a ação ordinária (pois em alguns casos a preferencial recebe um pouco mais que a ordinária), a distribuição será feita igualmente entre todas as ações. Ou seja, a ON recebe o mesmo que a PN.
      Abraços

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    2. Você escreveu isto:

      "(1) A verdadeira questão não está ligada à escolha entre ações ordinárias e preferenciais, mas sim ao Tag Along (para quem não sabe o que é Tag Along, dê uma procurada no Google para saber mais a respeito)."

      "Particularmente o que me faz decidir entre estes tipos de ação está relacionado a três aspectos: Tag along, liquidez e múltiplos."

      Me desculpe, eu talvez tenha lido muito rápido, mas você poderia me apontar onde você deixou explícito no seu texto como você avalia a governança da empresa por outro método que não o Tag Along?

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    3. "Me desculpe, eu talvez tenha lido muito rápido, mas você poderia me apontar onde você deixou explícito no seu texto como você avalia a governança da empresa por outro método que não o Tag Along?"

      Deve ter lido rápido sim, pois desde o título até o final, em nenhum momento do texto eu avaliei governança de empresa (nem ao menos citando tal palavra), conforme você está afirmando. O texto refere-se a desmitificar algumas questões referente às ações preferenciais, além de falar sobre alguns critérios que uso na escolha entre ações ordinárias e preferenciais. Sobre critérios que apontei na escolha entre estes dois tipos de ações, estão, além de Tag along, também a liquidez e múltiplos, conforme o fragmento de texto que você citou:
      "Particularmente o que me faz decidir entre estes tipos de ação está relacionado a três aspectos: Tag along, liquidez e múltiplos."

      Sobre o primeiro fragmento citado por você, se você leu o texto sabe que ele foi precedido pela parte abaixo, mostrando que não tem nada a ver com governança, conforme você quis demonstrar:
      "Há também aqueles que se recordam de momentos em que os possuidores de ações preferenciais foram prejudicados em relação aos possuidores de ordinárias, como, por exemplo, em casos da Aracruz e Usiminas. Nestes episódios, houve forte desvalorização das ações preferenciais em relações às ações ordinárias. Mas é preciso levar em consideração alguns pontos importantes:"

      Solicito que leia atentamente ao texto, em sua íntegra.
      Abraços

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    4. Não sei se você se deu conta, mas a decisão de ter ou não mais de uma classe de ações faz parte da governança de uma empresa. Existir uma classe de ações que não tem direito a voto obviamente interfere na governança.

      Mas acabamos voltando ao meu primeiro post: você só se interessa pelo Tag Along, onde você respondeu que se preocupava também com outras coisas. As outras coisas seriam apenas liquidez e múltiplos? Caso afirmativo volto a dizer: TA não é suficiente.

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  18. Complementando o post anterior, vamos supor que ele dobre a quantidade de PN e até passe 60% do lucro para as PN. Ainda assim ele recebe mais que você que só tem PN.

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  19. olá ADP,

    Gostaria de uma sugestão sua e dos amigos aqui da blogosfera.

    Vou detalhar meus investimentos:
    Tesouro Direto: R$ 22K (diversos)
    LCI: R$ 10K (115% líquido do CDI para 3 anos)
    Multimercado: R$ 6K
    Ações: R$ 13K (cerca de 20 papéis)
    ETF: R$ 3K (4 ETFs)
    FII: R$ 3K (2 papéis)

    Estou investindo no longo prazo, sem realizar muitos trades. Aproveitei um pouco da queda brusca do final de Agosto e comprei mais alguns papéis.

    A minha estratégia era iniciar aportes constantes em FII (até atingir cerca de 20 FIIs) para equilibrar a carteira e buscar uma renda passiva.

    Estou com R$ 15K na conta para aportar.

    No cenário atual de rebaixamento do investimento, incertezas do mercado e possível aumento da Taxa de Juros em Outubro, vocês manteriam a estratégia de aportes em FII ou migrariam parte para Tesouro Direto aproveitando essa situação?

    Gostaria da sua sugestão e dos amigos daqui.

    obrigado
    HB

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    1. Olá anon,
      Dar sugestão sobre isso é algo que está fora de minha alçada. Posso dizer uma coisa e acontecer uma situação que mostra que fazer o oposto que eu disse seria o ideal. Ainda mais quando se mistura economia, prefiro ficar calado, rs. Mas quem sabe alguém dá uma sugestão.
      Abraços

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    2. ADP,

      te entendo. De forma alguma quero deixá-lo numa situação complicada. Meu objetivo era entender o pensamento de vocês caso estivesse no meu lugar. Sei que não é papel de vocês fazer recomendações ou dar sugestões num mercado tão volátil como esse.

      De qualquer forma, obrigado pelas palavras. Tenho acompanhado seu blog e aprendido muito.

      Sucesso pra você!

      abraços
      HB

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    3. Olá HB,
      Vou me arriscar e dar a minha opinião sobre o que faria na sua situação.
      Com a expectativa de subida de juros nos EUA em setembro/dezembro, nossa moeda sofrerá outra desvalorização, como consequência, aumenta-se a inflação para 2016 (segundo o boletim Focus da última segunda-feira é de 5,64%), se o dólar subir mais um pouco, saíra da zona de tolerância da meta que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o Banco Central não tem outra opção a não ser aumentar a Selic, portanto, eu me posicionaria em LFT 2021.
      Soma-se isso ao fato, mais remoto é claro, de um eventual impeachment de nossa presidente ou algum imbróglio envolvendo a questão do orçamento de 2016 que prevê aumento de impostos que podem ser negados pelo congresso.

      www.nzofinancas.blogspot.com.br

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    4. Olá Nzo, obrigado pela contribuição.
      Pelo andar da carruagem, parece-me que o "impitmá" da Dilma não é tão remoto assim, pelo menos de acordo com as notícias que sigo. Mas vamos ver o desenrolar disso.
      Abraços

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    5. Olá ADP,
      Também acho que a saída da presidente não é tão remota assim, mas essa situação não altera diretamente as finanças públicas, ou seja, não vejo a Selic ou a inflação subindo ou caindo. Altera indiretamente, com a população ficando mais confiante acerca da economia, a manutenção do investment grade pelas outras 2 agências (Fitch e Moody's), etc

      www.nzofinancas.blogspot.com.br

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  20. Obrigado ADP, muito interessante! Sempre ouvia sobre ações preferenciais e agora sei o que significa. hehe Um abraço!

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  21. Eu costumo adotar a regra da liquidez em primeiro lugar. Escolho a mais líquida das duas e é nela que vou operar. :)

    Algumas vezes uma notícia muito grande pode mudar um pouco o cenário, como no caso da mudança da regra dos dividendos da Petrobras. Lembra o baque que as ON sentiram ? E a recuperação na hora em que disseram que em 2015 nenhuma das duas receberia ? :)

    Parabéns, nunca tinha visto uma explicação tão completa e detalhada sobre este tema. :)

    Abraços !

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  22. ADP, eu concordo em partes com você.

    Não tenho esta fixação que sócio é ON e vejo como mais relevante na escolha os critérios citados por você, como tag along e liquidez. Sobre os múltiplos eu discordo, pois eu entendo que os múltiplos refletem justamente as diferenças em termos de risco de uma e outra.

    Falando em risco, eu vejo que sim, existe uma diferença em termos de risco para os investidores com ON (a mesma classe de ativos dos controladores) e PN, e isso normalmente é refletido no preço/múltiplos dos ativos. Empresas com melhor governança, muitas vezes tem cotações ON e PN refletindo apenas as diferenças dos dividendos de uma e de outra (ver exemplo da GETI), já empresas com governança pior tem PN mais desvalorizada (veja o caso da PETR), que na prática significa "melhores" múltiplos.

    Tenho algumas observações sobre a existência e as características das PNs no Brasil e no mundo.

    Pelo que verifiquei, existe uma diferença da forma como estas PNs são tratadas em outros lugares do mundo. Dizer que no Brasil elas foram criadas para ferrar a vida dos minoritários não é verdade, mas não chega a ser uma falácia na sua totalidade. A discussão fica em torno de modelo de financiamento de uma companhia versus risco do investidor.

    As empresas de capital aberto tem basicamente 2 formas de se financiar: com capital próprio e com capital de terceiros.

    Capital próprio é o dinheiro do acionista e normalmente é captado através de oferta pública de ações em IPO ou subscrição de novas ações. Este dinheiro é aportado pelo acionista e faz parte do patrimônio líquido (no balanço). Já o capital de terceiros é proveniente de financiamentos bancários ou emissão de debentures. O capital de terceiros entra no balanço como dívida no Passivo Não-Circulante.

    Aí está um ponto interessante, pois nos EUA, as ações preferenciais, pelo que entendi tem características diferentes das Preferenciais aqui. Lá elas tem um dividendo fixo (tendo ou não a empresa lucro), se assemelhando as debentures. Além disso elas entram no balanço como passivo não-circulante (dívida), já aqui em terras brasilis, as PNs não tem obrigação nenhuma com os dividendos e entram no balanço como capital próprio (patrimônio líquido).

    Acredito que daí venha esta forma de dizer que aqui foram criadas para ferrar os minoritários, pois elas não têm nem os benefícios das debentures (garantia e remuneração) e nem os supostos benefícios dos controladores (direito a voto).

    Repito que eu não acho que PNs sejam um grande problema, mas também não vejo como tão inofensivas assim.

    Abraços

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    1. Olá Ei,
      A ideia é afastar esse mantra de que não se pode comprar ações preferenciais. Da forma como dizem por aí, parece que comprar ações preferenciais é um crime. Por isso abordei na postagem qual o motivo delas existirem, citando também exemplos da utilização dela no mundo.

      Eu também discordo de alguns pontos que você citou:
      "Sobre os múltiplos eu discordo, pois eu entendo que os múltiplos refletem justamente as diferenças em termos de risco de uma e outra."
      Se eu tivesse falado "olhe apenas os múltiplos e compre", concordaria com você. Mas utilizei outros critérios em conjunto com este.

      "As empresas de capital aberto tem basicamente 2 formas de se financiar: com capital próprio e com capital de terceiros."
      Na verdade está faltando mais uma, que é através dos lucros de sua própria atividade.

      "Além disso elas entram no balanço como passivo não-circulante"
      Eu já li isso em algum lugar, acho que no livro de Grahan, que foi escrito há mais de meio século. Mas o que entendo é que atualmente as empresas abertas publicam seus balanços no formato internacional chamado IFRS, que pelo que sei não prevê isso de publicar as ações preferenciais como passivo não circulante.

      "Aí está um ponto interessante, pois nos EUA, as ações preferenciais, pelo que entendi tem características diferentes das Preferenciais aqui. Lá elas tem um dividendo fixo (tendo ou não a empresa lucro), se assemelhando as debentures. Além disso elas entram no balanço como passivo não-circulante (dívida), já aqui em terras brasilis, as PNs não tem obrigação nenhuma com os dividendos e entram no balanço como capital próprio (patrimônio líquido).
      Acredito que daí venha esta forma de dizer que aqui foram criadas para ferrar os minoritários, pois elas não têm nem os benefícios das debentures (garantia e remuneração) e nem os supostos benefícios dos controladores (direito a voto)."

      EI, é exatamente o contrário do que você disse. Saiba que elas têm AMBAS as garantias: de dividendos e de voto. Primeiramente, ações preferenciais possuem sim garantia de dividendos:
      "As ações preferenciais apresentam as seguintes preferências ou vantagens:
      b.vantagem no recebimento dos dividendos, com a fixação de um dividendos mínimo obrigatório ou fixo;"

      Fonte: Assaf Neto, Alexandre. Mercado Financeiro. 12ª Edição. São Paulo: Atlas, 2014.

      Elas ainda possuem outras garantias que omiti.
      Sobre o direito de voto, o mesmo autor cita que:
      "No entanto, podem adquirir o direito de voto caso a empresa não distribua, pelo prazo de três anos consecutivos, os dividendos mínimos ou fixos a que os acionistas preferenciais fizerem jus, mantendo esse direito até a realização do referido pagamento. Esse direito ao voto dos acionistas preferenciais, se utilizado, é capaz de comprometer a posição do acionistas controlador de uma sociedade."

      Essa é a maior prova de que as ações preferenciais não são esse budalelê que muitos pensam, pois os preferencialistas possuem a garantia de que a empresa pelo menos tentará pagar o dividendo obrigatório previsto no estatuto, sob pena da ação também possuir o direito de voto. A afirmação de que elas foram criadas para sacanerar é uma desinformação.

      Abraços

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    2. ADP,

      Eu concordo que a ideia é afastar este mantra e por isso eu disse que eu não acho que as PNs, por si só, fossem um problema.

      Sobre os múltiplos, você tem sua opinião e eu entendi bem qual é, mas eu reforço que na minha opinião, os múltiplos não são importantes, sendo assim, mesmo que os outros 2 critérios sejam atendidos (tag along e liquidez aceitáveis), na minha opinião eu prefiro comprar ON independentemente do múltiplo.

      Sobre os lucros serem uma forma de se financiar, você tem razão, mas isso não é uma forma diferente do capital próprio, pois os lucros pertencem ao acionista (tanto que já são livres de impostos) e a empresa incorpora, sem devolvê-lo em forma de proventos.

      Sobre a forma como aparecem no balanço, li materiais que citam esta forma de apresentação em que ações preferenciais são consideradas "debts", mas pelo que vi parece que agora elas aparecem mesmo no Shareholder Equity http://www.investopedia.com/ask/answers/06/preferredstock.asp

      Acho que eu não fui claro na minha explicação sobre garantias de rentabilidade e dividendos. Você está certo que os preferencialistas tem alguns direitos, mas o ponto que estou tratando é o seguinte: quando uma empresa precisa fazer um grande investimento, ela precisa decidir como vai se financiar e aí ela tem 2 opções (capital próprio e capital de terceiros).

      O capital de terceiros tem um custo menor para a empresa, porém ela assume os riscos (compromisso) de pagar aos financiadores, independentemente dos resultados do investimento.

      Já o capital próprio é um capital com maior custo para a empresa, mas por outro lado ela compartilha os riscos com os acionistas.

      Na prática, se o projeto de investimento é de baixo risco para a empresa, vale a pena ela pegar capital de terceiros, porém ela tem o ônus de assumir todo o risco pois tem o compromisso de pagar o empréstimo. Já se o projeto é de alto risco, normalmente ela deveria captar dos acionistas que mesmo com um custo maior, tem um risco menor para a empresa (o risco fica compartilhado com os acionistas que podem na prática não receber nada se o projeto der água).

      O que eu quis dizer é que as ações preferenciais tem o ônus de assumir o risco mas não tem garantia nenhuma de recebimento do capital investido (apesar de ter uma garantia de dividendos), diferentemente de uma debenture/financiamento bancário. Além disso ela não tem a "vantagem" da ordinária que é o direito ao voto.

      Assim sendo, as preferenciais não teriam nem as vantagens de uma (ONs) e nem da outra (debenture), ficando num meio termo.

      Como eu disse no início, PN por sí só não é um problema, mas não deixa de ser uma forma "leonina" de se capitalizar. Resta ao investidor verificar os itens de governança, como tag along, etc, de forma a se resguardar minimamente, além de confiar empresa.

      Abraços

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    3. "O que eu quis dizer é que as ações preferenciais tem o ônus de assumir o risco mas não
      tem garantia nenhuma de recebimento do capital investido"
      Essa é a característica básica da renda variável, funcionando tanto para ações ordinárias ou preferenciais. O que você escreveu não é exclusividade das preferenciais, ou você considera que as ordinárias possuem garantias de recebimento do capital investido?
      E se o investidor ficar sem receber dividendos, ele, mesmo sendo preferencialista, terá então direito a voto, assim como os possuidores de ações ordinárias. Então não entendi seu ponto de vista.
      E mesmo assim, é como eu disse no texto. Se a empresa fez uma mal investimento com o dinheiro captado, ambos os possuidores de preferenciais e ordinárias irão sofrer. Então qual o alento para o detentor de ação ordinária?
      E como eu disse no texto, particularmente, vejo em algumas pessoas uma tara pelas ações ordinárias. Falam em direito de voto, mas nunca foram realmente exercer tal direito. Nunca participaram de uma assembleia da empresa. Então qual o propósito real a não ser uma tara?
      Por isso meus critérios são os que citei no texto: liquidez, tag along e múltiplos. Se preferencial possui 100% de tag along, uma liquidez mínima e múltiplos minimamente mais em conta, então não vejo vantagem nenhuma em comprar uma ação ordinária que me dá um direito a voto que nunca irei exercer. Isso não faz a menor diferença para mim como investidor sardinha. Mas como disse, cada caso é um caso. Se uma ação ordinária for mais atrativa de acordo com estes critérios, eu compro. Não defino a compra apenas pelo rótulo de ser ordinária ou preferencial.
      Abraços

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    4. É verdade, estes são os riscos inerentes a renda variável, e é justamente por isso que é muito cômodo para os majoritários lançar uma forma de se financiar com baixo risco e sem perder o controle da empresa, pelo menos no curto prazo.

      Do ponto de vista do sardinha, não tem problema comprar PN, se ele tomar as precauções para minimizar o risco (tag along, atenção à governança, etc). Do ponto de vista dos majoritários é muito mais cômodo lançar PN que ON.

      Mas se ON não tem muito importância por que diabos o majoritário não lança só ONs? Fica a pergunta ...

      Acho que a tara não é necessariamente por ter direito a voto, mas por ter o mesmo tipo de papel que o majoritário, e isso ser uma forma de minimizar os riscos.

      Cada um com suas taras, não é mesmo? Uns tem tara por ordinárias e outros por múltiplos atraentes ....

      Abraços

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  23. Bastter e suas bastterzetes , qual o problema de comprar ações pn com tag along ? Esse cara fala cada besteira e tah criando uma manada própria , sou dele...kkkkkkkk

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  24. Seria correto afirmar que as ações PN de uma empresa com tag along baixo (ou inexistente para as PN, como no caso da Ferbasa) são pouco atrativas para grandes investidores? E, como consequência disso, essas PN ficam mais travadas nas mãos dos "sardinhas", podendo ficar bem mais baixa que a ON?

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